segunda-feira, 26 de maio de 2008

A coutada de César



1.Regime de coutada única
O presidente do Governo Regional dos Açores,Carlos César, disse que o Governo
"não é uma coutada ou propriedade do PS, mas de todos os açorianos".
Ora esta tirada bondosa, envolve a sua perversidade.
Se é verdade que este "designío" de César é à partida inteiramente louvável, quando passamos à prática algo se perde pelo caminho.
Se o PS considerasse o Governo como uma coutada sua, só estaria afinal a dar corpo ao mandato popular que lhe foi entregue pelo voto.
Portanto, daí nao viria grande mal ao mundo da democracia, seria aliás o seu cumprimento.
Já a tentação de considerar todos os Açores como uma coutada do Governo/PS - um regime de coutada única - é que não é legítima.
É isso que acontece, no entanto,com exemplos diários (o mais recente foi o da contratação de um funcionário para um posto RIAC na Terceira).
Fique portanto o PS com a coutada que lhe pertence (Governo), sem necessidade de se arvorar em mais democrata que os democratas.
Evite o PS e o Governo a tentação de controlar tudo e todos.
Neste aspecto o Governo de César assemelha-se cada vez mais ao pior de Mota Amaral, onde se vivia uma espécie de MacCarthismo.

2.Governo dos Açores ou Governo Regional dos Açores?

Parece um pequeno pormenor, mas alguma intenção houve aqui ao tentar subsituir a designação de sempre - "Governo Regional dos Açores"- apenas por "Governo dos Açores".
Parece haver a intenção de significar que o Governo é de todos os Açores, leia-se de todos os açorianos, logo está sempre a defender todos os açorianos, logo todos os açorianos devem olhar para o Governo como seu, logo se um Governo é meu por que carga de água hei-de querer mudá-lo?
Digam que estou a delirar e ...a ver muitos filmes. Mas se o fizerem digam-me lá então para quê a mudança de designação? Marketing? Publicidade? Ou para defender a autonomia regional?

3.Hipocrisia
As jornadas do PS vão trazer aos Açores os deputados que na Assembleia da República rasuraram a proposta de revisão de Estatuto aprovada por unanimidade na ALR. Vão agora fazer juras de amor eterno à autonomia!


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