quarta-feira, 15 de abril de 2009

Deputados "anónimos"


Uma boa parte dos nossos deputados à Assembleia Legislativa Regional dos Açores escreve para os jornais. Não há nada de mal nisso, antes pelo contrário. É uma boa oportunidade para sabermos o que pensam. Aqueles que pensam. É que, do que dizem (se dizem) no parlamento pouco se sabe. Mas há uma coisa que me irrita: os deputados, e outros militantes activos, não são identificados nos seus escritos com os partidos que representam.
Querem exemplos?

No Açoriano Oriental

Carla Bretão (PSD) é economista
Cláudia Cardoso (PS) é professora
Pedro Gomes (PS) é advogado
Aníbal Pires (PCP) é professor
Piedade Lalanda (PS) é socióloga
Artur Lima (CDS-PP) é médico-dentista

No Correio dos Açores

António Soares Marinho (PSD) é economista
Helder Silva (PS) é investigador
Jorge Macedo (PSD) é engenheiro mecânico
José Decq Mota (PCP) ... não é nada!?
Francisco Vale César (PS) é deputado regional do PS (aleluia!)
João Aguiar (Dona Benta), do PS, também não é identificado como assessor de Carlos César.

No Atlântico Expresso

António Pedro Costa, Rui Ramos e Cláudio Almeida , todos do PSD, não são nada!?
Já Eugénio Rosa, economista, não é identificado com o PCP.

No Diário dos Açores

José Manuel Bolieiro (PSD),Francisco César (PS),Mário Abrantes (PCP),Paulo Estêvão (PPM), Pedro Medina (CDS-PP) e Lúcia Arruda (BE) ... não são nada !?
Até o padre Alexandre Medeiros é "educador" !?

No Diário Insular

Luís Fagundes Duarte (PS) ... não é nada.

O Jornal do Pico é uma honrosa excepção

Cláudio Lopes (PSD) e Lizuarte Machado (PS) são identificados por aquilo que são: deputados do PSD e do PS.
(Fotos Basalto Negro)
P.S. Recentemente muitos se escandalizaram com o facto deste meu blog, assinado com um pseudónimo, ter estado na origem do movimento de protesto pelo crime ambiental da Fajã do Calhau, conhecido por Dia F.
Para mim, muito mais grave que isso é que os senhores dos partidos, deputados ou não, venham escrever nos jornais sem que sejam identificados com os seus partidos, já que a maioria deles, não faz mais que defender cegamente a doutrina do seu partido.
Os leitores menos informados têm o direito de, para além da voz, conhecerem quem são os donos. Para quê esconder isso?

16 comentários:

Tibério Dinis disse...

faltam ai uns quantos no Diário Insular e n'A União

Anónimo disse...

Deixa lá.
Para este estes jornais não existem.

Paulo Estêvão disse...

Tens razão Fiat. No meu caso é pura desatenção. Depois de quinze anos a escrever para os jornais açorianos não alterei o hábito de me identificar simplesmente pelo nome. No entanto, acho que os deputados açorianos devem fazer menção do grupo ou representação parlamentar que integram.

Paulo Estêvão

(Deputado do PPM)

Tiago R. disse...

Estou de acordo que a identificação partidária, ou pelo menos a declaração de interesses, faria todo o sentido.

Mas o facto é que escrevem para os jornais não na qualidade de dirigentes, militantes ou apparatchiks partidários. Fazem-nos, creio, apenas enquanto cidadãos informados e envolvidos na realidade regional.

Francisco Vale César disse...

Concordo plenamente com a observação. Chamo apenas a atenção para o facto de não escrever no Correio dos Açores. Escrevo sim no Açoriano Oriental e no Diário dos Açores. Sempre identificado como Deputado regional do PS.
Cumprimentos

Francisco César
(Deputado pelo PS)

Anónimo disse...

Esqueceu-se do sociólogo Miguel Brilhante que escreve no AO (o Laboratório Social) e no Correio dos Açores e que é assessor ou adjunto de Berta Cabral...

A ilha dentro de mim disse...

Outro pormenor: em ano de eleições, parece que se multiplicam de repente os cronistas com intenções de cidadania e os blogues de causas políticas. Será mera coincidência?
Saudações faialenses,
LB

Zé Carlos disse...

É assim mesmo, Fiat.

É chique escrever para os jornais.

E mais, os jornais precisam de encher chouriços!

E mais, esqueceste de referir que estes cronistas recebem para debitar palavras numa coluna.
Depois os jornais não têm dinheiro para enviar os jornalistas de táxi para as reportagens! Incrível!

Deputados!

Já não recebem o seu para representar o povo da assembleia?

Tiago R. disse...

Ao que julgo saber, caro Zé Carlos, na maior parte dos casos, os colunistas não são remunerados.

Anónimo disse...

Os cronistas não são remunerados.
Expõe as suas ideias e sujeitam-se naturalmente às críticas.

Quem lê um jornal, à partida, tem espirito critico suficiente para perceber o enquadramento politico do autor e as intenções.

Lembro-me agora por exemplo de um conhecido deputado micaelense, que nunca viu um toiro pela frente na vida, que anda - pasmem - nos jornais terceirenses a defender a sorte de varas e outras proezas taurinas similares!

É obra!

Pedro Lopes disse...

Caro Fiat Lux,

neste ponto não estou de acordo consigo.

Ninguém é Deputado de profissão.
Exercem esta função, têm um cargo político - no caso Deputados da ALR.

Por exemplo, o Açoriano Oriental, apresenta as pessoas com o nome e a sua profissão ou formação académica. Depois, coloca um asterisco (*) e, no final da crónica de opinião, faz referência ao cargo que actualmente ocupam e ao partido que representam.

Esta parece-me a forma mais correcta de identificar as pessoas.
Aliás, é a profissão ou formação de cada um, que me dá alguma garantia de que essa pessoa poderá ser uma mais valia em determinadas àreas, dossiers ou comissões parlamentares que poderá integrar.

Ex: cabe na cabeça de alguém, ter um geólogo numa comissão parlamentar de assuntos sociais?!

Cumprs.

Trilobite disse...

Às vezes, os Homens da ciência, têm mais sensibilidade para tratar de questões sociais que propriamente os Homens dos assuntos sociais.

Pedro Lopes disse...

Caro "Trilobite",

o exemplo que dei, não se refere a ninguém em concreto.
Não passa de um exemplo, que tenta demonstrar que a formação de cada indivíduo o habilita/capacita mais para determinada àrea. Confere-lhe alguma autoridade e saber, que o deve tornar, à partida, mais sensível às questões da sua àrea profissional.

Embora esta minha resposta, em nada invalide a sua observação.

Cumprs.

Anónimo disse...

Caro Pedro

Com o asterisco ficava o "problema" resolvido,mas
acho que esse asterisco do Açoriano não estava lá.

Deputado não é profissão realmente mas se uma pessoa fica largos anos na assembleia, sem exercer a sua profissão (muitas vezes sai directamente da faculdade para o parlamento) não tem grande "Know how" na sua área de formação.

Fiat Lux

P.S.
O Diário Insular e A União não "existem" em S.Miguel.
Acho que o Açoriano também não "existe" na Terceira.

Trilobite disse...

Percebo o que o Pedro Lopes se refere.

A minha questão é, como será possível, não haver assistentes sociais, nas escolas? Ou haver poucos. Talvez uma relação de 5 assistentes por 100 escolas. Efectivos. Sem essa coisa de Estagiar L.
Como é que os responsáveis pela pasta sabem, o que se passa nas escolas?

Mais, há um candidato a presidente de câmara, que é presidente de uma instituição pública, que negligencia o trabalho social dos diversos projectos de acompanhamento, no dito concelho. Está mais preocupado com as festinhas e de dar "show off" para inglês ver.Trabalho de campo, nem vê-lo. E está na eminência de ver os seus projectos sociais, ficarem sem financiamento. E os miúdos? Que se lixem! Ele tem as suas casas, o seu pastel, os seus carros..

São exemplos destes que me deixam com o nariz torcido em relação aos Homens que têm formação social.

Caro Pedro Lopes, tenho formação científica mas não estou dormindo. Não estamos dormindo.

Concordo, na íntegra, com o segundo parágrafo do Fiat Lux no seu último comentário deste post.

Pedro Lopes disse...

Caro Fiat Lux,

se calhar você, com este post, ajudou a colocar lá (no AO) o tal asterisco a que me refiro. Ainda bem. ;)

Caro Trilobite,

concordo, em absoluto, com a questão que coloca em relação à ausência de Assistentes Sociais nas scolas. Poderiam, de facto, ser um excelente contributo para fazer a ponte com a familia e outras instituições, públicas e/ou privadas.

Quanto ao candidato a que se refere; bem, não devemos avaliar a "floresta", tomando por base uma "àrvore" podre.

E, caro Trilobite, acredito que seja um cidadão atento ao que o rodeia. Mas convenhamos que, para ir mais além do senso comum, para se conseguir uma leitura mais ciêntifica e assertiva de cada assunto, cada pessoa escolhe a àrea de formação que mais lhe agrada. E depois da base formativa/ académica, há que pô-la em prática, criando, assim, o tal "Know How" de que fala o Fiat Lux, e que eu considero indispensável para se conhecer a REAL dimensão dos problemas.

Por isso, à sua semelhança, também "Concordo, na íntegra, com o segundo parágrafo do Fiat Lux no seu último comentário deste post."

E por essa razão, não vou tão longe dizendo: cada macaco no seu galho. ;)

Cumprimentos a ambos.