quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Atentado ao património

As "lanchas do Pico" Espalamaca e Calheta e o barco Picaroto jazem e apodrecem no cais da Madalena.
Perante a rica história destas embarcações e perante o desaparecimento de outras como o Terra Alta e Velas , não é possível ficar indiferente a este atentado ao património.
Ninguém vai mesmo fazer nada para impedir isto?
Nem em época de eleições?
Va lá, nem são precisas promessas, venham daí uns "compromissos solenes"!






Fiz inúmeras viagens na Espalamaca, Calheta e Velas.
Muitas boas e muitas más. Daquelas em que tinhamos de ir todos fechados no interior com o mar a passar por cima da lancha e com o toque da campaínha a avisar para parar a embarcação até que as ondas maiores passassem, permitindo retomar a marcha.
E lembro-me da luta para conseguir um lugar no exterior, mesmo que chegassemos todos molhados ao fim da viagem.
É óbvio que por estas memórias, encaro a morte destas embarcações com tristeza, mas a sua história merecia outra sorte, mesmo para quem nunca viajou no canal.

Algumas notas sobre a Espalamaca, Calheta, Velas e Picaroto.
(Fonte: Maresias, III Vol., Goulart Quaresma)

Espalamaca

A Espalamaca, com a matrícula H177TL , surgiu da transformação da lancha Maria Utília, em Abril de 1949 (por mestre Janeiro).
(E o curioso é que essa Maria Utília já resultara da transformação da lancha Odete e de uma canoa também chamada Maria Utília, em 1944 )
A Espalamaca viria ainda a sofrer profundas alterações em 1959 (ainda por mestre Janeiro) e 1966, desta última vez nos estaleiros de mestre Júlio de Matos em Santo Amaro, ilha do Pico.

Calheta

A primeira versão da lancha Calheta foi uma “gasolina” construída em 1925, no lugar do Caisinho, Santo Amaro, ilha do Pico.
Foi matriculada com o nº H209SP (mais tarde H209TL).
Destinava-se ao porto da Calheta de Nesquim.
Em 1931 foi adquirida por um faialense, passando no ano seguinte para a posse da Empresa Açoriana de Navegação e Pesca Lda.
Em 1950 é adquirida pela Empresa das Lanchas do Pico Lda.
A Calheta sofreu transformações pelo menos por duas vezes, em 1948 (por mestre Janeiro) e em 1970.
Em 1987, quer a Calheta quer a Espalamaca foram integradas na frota da Transmaçor.

Velas

A lancha Velas (matrícula H46TL) já desmantelada, começou por ser numa primeira versão a lancha Victória e pertenceu até 1946 ao Destacamento Britânico na Horta.
Em 1950 foi também adquirida pela Empresa de Lanchas do Pico Lda e reconstruída por mestre Janeiro no lugar da Furna, Santo António, ilha do Pico.
Em 1956 (ou 1957 ?) o mesmo mestre voltaria a transformá-la, sendo rebaptizada com o nome de Velas.
A 6 de Novembro de 1967 partiu a proa ao entrar no porto da Madalena.
Foi reparada na altura por mestre José Morais.
A 4 de Novembro de 1981 foi cancelado o seu registo.

Picaroto

O Picaroto chamou-se inicialmente Pico. Foi construído em 1928, no Calhau, Madalena do Pico, por mestre Manuel Dias Vieira. Ficou com a matrícula H218TL.
Pertencia então à Empresa Açoriana de Navegação e Pesca, Lda que o vendeu em 1942 à Empresa de Iluminação Eléctrica da Horta.
Em 1946 passou para as mãos da firma Campos e Faria Lda. da Criação velha.
Foi então sujeito a pequenas alterações e rebaptizado “Picaroto”.

7 comentários:

Jordão disse...

Para as Portas do Mar, Açor Arenas, Betão na Caloura e Poços não faltam milhões, para preservar o nosso riquíssimo (que qualquer dia deixa de existir) não há uns míseros trocos!

Anónimo disse...

E na verdade o Governo até tem financiado a recuperação e construção de botes baleeiros.
Acho bem.Mas se o preço a pagar for o de ficarmos com menos 2 ou 3 botes para recuperar estas lanchas, pois que fiquemos com menos 2 ou 3 botes.Paciência.

Xinando disse...

Infelizmente, já se gastou algum dinheiro na recuperação destas lanchas e deixaram-nas voltar a apodrecer. Aquelas viagens eram épicas e indispensáveis, pois não havia outras. É triste, muito triste.
Quanto aos botes baleeiros, acho que sim, vão financiar mais uns quantos antes de arranjarem decentemente estas memórias. Até acho que as freguesias que não têm frente costeira terão direito a um.

Anónimo disse...

Não sabia que já tinham recuperado estas lanchas.
Assim sendo é ainda mais lamentável.
Essa dos botes "para todos" também é demais.

Paulo Pereira disse...

A estas receio bem que se junte a baleeira rosa Maria. Será então uma pena.

Paulo Pereira disse...

A estas receio bem que se junte a baleeira rosa Maria. Será então uma pena.

Paulo Pereira disse...

A estas receio bem que se junte a baleeira rosa Maria. Será então uma pena.