sábado, 17 de outubro de 2009

A greve da fome do Paulo Estêvão (durou, afinal, 61 horas) *


Foto Eduardo Resendes,Açoriano Oriental
Quem?
Paulo Estêvão, deputado do PPM, eleito pelo Corvo.
O quê?
Está em greve de fome.
Quando?
Teve início às 22h00 do dia 14 de Outubro.
Onde?
Na delegação do parlamento regional em P.Delgada.
Porquê?
Pela abertura de uma delegação da Assembleia no Corvo.

O meu comentário

A greve da fome de Paulo Estêvão tem suscitado sobretudo comentários que procuram unicamente fazer humor ("o deputado é gordinho e uma dieta só lhe vai fazer bem") ou desancar no protagonista ("o que ele quer é aparecer").
Acho, no entanto, que esta greve da fome, merece ser encarada também de forma mais séria.
- É ou não verdade que o Corvo é a única ilha sem delegação da Assembleia?
- É ou não verdade que o Estatuto da Região determina que deve haver delegações em todas as ilhas?
- É ou não verdade que o parlamento e o governo têm adiado sucessivamente a resolução deste "problema" (neste, como em outros casos, o parlamento não resolve nada sem ouvir o chefe, e o chefe chama-se Carlos César. Francisco Coelho vai fazer o que César lhe disser para fazer).
- É ou não verdade que Paulo Estêvão é dos deputados que mais têm criticado Carlos César e muitas vezes com razão (por exemplo quando César se ausenta durante meses dos debates no parlamento).
- É ou não verdade que há no Corvo imóveis total ou parcialmente desocupados onde, se houvesse mesmo vontade, poderia ser instalada a delegação da Assembleia?
Se as respostas a estas perguntas forem "Sim" (e são todas "Sim"), todos os outros argumentos têm que ser relegados para segundo plano (que Paulo Estêvão "quer é protagonismo", que quer é "fazer da delegação da assembleia uma sede do PPM no Corvo", que mesmo "não é preciso nenhuma delegação no Corvo").
P.S. Paulo Estêvão poderá terminar a greve da fome a todo o momento (segundo noticia o AO e a TSF). Nada do que ficou dito atrás deixa de ser verdade.
P.S.2 Paulo Estêvão terminou a greve da fome. Ouvi-o agora (13h00) na rádio a dizer que vai comer uma sopa. Greve da fome nunca mais.
(*) Afinal a greve parece que durou 61 horas e não 62 como ouvira inicialmente.
Espero que a sopinha tenha caído bem ao deputado.

5 comentários:

Tiago R. disse...

E ainda falta questionar porque raio é que o Parlamento não tem autonomia patrimonial, tendo de andar de mão estendida para o Governo, para que esse resolva (ou adie, como neste caso) os problemas.

Cascais1 disse...

As razões de Paulo Estevão são outras.

O futuro polico deste deputado enegreceu, depois da estrondosa derrota do PPD/PSD no corvo e da candidata Deolinda.

Paulo Estevão, percebeu isso ainda antes das eleições, ao irar-se de forma desproporcionada com o seu colega deputado corvino.

Paulo Estevão necessita de protagonismo como de pão para a boca.

É por isso que fez esta greve de fome - que não deixa de ser ridicula - por escassas horas.

Carlos Faria disse...

Independentemente de concordar com Paulo Estevão neste caso, se fosse Alberto João Jardim a não cumprir a LEI em prejuizo de um deputado da oposição, seria ou não um assunto com cobertura nacional?
Nos Açores porque não é? Porquê dois pesos diferentes para desrespeitos à Lei?

Café Puro disse...

A verdade é que vivemos um Cesarismo desmesurado.
Não é só a assembleia César comanda...são os clubes, as empresas e até as instituições de solidariedade.
Um dia conto-vos como o presidente do governo decide tudo...desde a despromoção da porteira de um hospital porque lhe foi rude, até à necessidade da sua anuência para gestores de organismos autónomos.
É assim que se ganham eleições

Anita e Miguel disse...

A única vez que vi um político em greve de fome ao vivo foi no Porto. Penso que a respeito da causa timorense - já nem sei... - o pessoal do BE rodeava a estátua de D. Pedro, nos Aliados. Reparei bem, e lá estava Miguel Portas, meio escondido,...a comer umas bolachas!!! ;)

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