domingo, 31 de maio de 2009

"Paroles, paroles, paroles..."


Maria do Céu Patrão Neves anda a fazer pela vida.
No seu périplo pelas ilhas, passou também no Pico.
Eu sei que os candidatos "têm" que ser simpáticos, têm que prometer e "têm" que dizer em cada sítio por onde passam que esse sítio é prioritário.
Mas por vezes as conversas não sabem a nada.
Maria do Céu diz que foi

"à ilha maior, que combina a imponência da sua montanha com a grandeza das suas gentes: desde os antigos baleeiros que, afoitos, se faziam ao mar para seu sustento, levando a sua arte até à América, aos actuais picarotos que enfrentam o desafio de, preservando a tradição, se abrirem à inovação.
Nos currais da vinha, como nas pescas e na pecuária, como nos transportes e no turismo, como na cultura e na educação, como em todos os domínios económicos e sociais, a exigência é sempre a de valorizar o que nos é próprio e rentabilizá-lo na nossa relação com outros.
Este é, afinal, o desafio de todos os açorianos!"

São palavras bonitas, só isso.
Mas nem são inovadoras.
São apenas prosa poética.
Repetidas ilha a ilha.
(Até o Corvo é uma ilha pequena...mas grande!?)
E como não sei se a candidata sabe onde nasceu a designação "ilha maior", deixo-lhe o poema de Almeida Firmino.

Minha ilha sem bruma
Sem distância a percorrer
Onde o vento é o donatário
Único senhor e rei
Sem eu mesmo o saber.

Ilha Maior no sonho e na desgraça
Sempre a acenar a quem ao longo passa
Nos navios rumo ao Canadá e América.
Ancoradouro de aves, poetas e baleeiros,
Heróis sem nome, com um pé em terra e outro no mar,
Quantas vezes em vão a balear.

Negra, negra, negra e cativa
Ilha Maior, minha Ilha-Mãe adoptiva,
Maravilha de lava e altura!
El-rei Sebastião, o Desejado,
Veio um dia, nunca mais voltou.
E é aqui, cavada a seu lado,
Que eu quero ter a minha sepultura.

(In Narcose, de Almeida Firmino)

P.S. 1

Há muita gente rendida a Maria do Céu Patrão Neves.
(Alguns têm de se mostrar rendidos, por conveniência partidária).
E ela terá certamente os seus méritos.
Mas,na ânsia de realçarem as suas aptidões, dizem-se coisas sem grande sentido.
Até Mota Amaral veio dizer que


Como se Duarte Freitas não tivesse sido um deputado por inteiro
e como se o facto de ser especialista em questões agrícolas tivesse sido prejudicial para os Açores.
Como se o facto de Maria do Céu Patrão Neves ser "especialista em generalidades" (esta roubei ao Nuno Barata) fosse uma grande mais valia...
P.S.2
Parece que foi o primeiro comentário de Mota Amaral num blog.
Ok, tem piada. Mas não exageremos.
Considerar isso como "Facto Político da Semana" ...é para rir.
(Não foi o Rui Lucas que um dia destes desvalorizou o impacte dos movimentos que vão acontecendo por aí na blogosfera? E agora Mota Amaral escreve um pequeno comentário num blog e é o "facto político da semana"?
Por muito que possa custar ao PSD, o facto político da semana é a comemoração do Dia dos Açores no Canadá.
Aliás o PSD criticou, mas enviou alguns deputados a Toronto e hoje até ouvi um deles no Telejornal a tecer loas à comunidade açoriana no Canadá.
É óbvio que no intervalo de uma garfada de sopas, preparadas pelos emigrantes, era inconveniente criticar o destaque que o Governo e Assembleia Regional decidiram dar a essa comunidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma senhora para falar e nada mais....

RD disse...

É uma Senhora para falar e uma Senhora para fazer. Admiro a capacidade da Patrão Neves e sou do PSD. Amém partidário? Não e jamais. Já vem de trás. Foi minha professora.
Dêem-lhe um pouco de crédito e verão o que pode fazer por nós. É injusto dizer-se que é especialista em generalidades nesse tom!
Gosto muito do Duarte Freitas, mas não estamos em comparações.