segunda-feira, 9 de junho de 2008

Serão (moral e intelectualmente) superiores os que não gostam de futebol?

Andam por aí uns escribas horrorizados com a euforia colectiva à volta da participação portuguesa no Euro 2008.
Uns, porque pura e simplesmente detestam futebol (e estão no seu pleno direito), não escondendo os seus tiques de superioriade moral/intelectual.
Retratam os adeptos de futebol como uns simples,tolinhos, alienados.Uns pobres de Cristo.
Outros, até gostam de futebol.Mas acham de mais esta festa do futebol ocupados que estão com a crise, 24 horas por dia.
À primeira vista seriam todos da oposição, pois mostram-se muito preocupados com o facto do Governo poder aproveitar estes dias de menor "vigilância cívica" para governar sem dar cavaco a ninguém, alimentando ainda mais a crise.
[E Cavaco, estará também a ver futebol? Meu Deus, o país está mesmo perdido.Até o economista e austero Cavaco alienado pelo futebol!]

Em suma, esta casta superior, estes portugueses intelectualmente evoluídos, incapazes de gostar de futebol, incapazes de se arrepiar ao ouvir o hino nacional,temem que os alienados se esqueçam da crise.
São mentes mesquinhas estas dos intelectualmente superiores.
Mas, oh alminhas de Deus, alguma vez pelo facto de esquecermos por umas horas ou dias a porcaria da crise, que nos atormenta a vida, virá daí algum mal ao mundo?
Se é assim deixo então uma sugestão a esses crânios ilustres: Enquanto nós, pobres de Cristo, tolinhos, alienados,ficamos a ver futebol, enquanto isso, VExas aproveitem esse tempo para continuarem apenas preocupados com a crise.
Ah, mas para que esse vosso esforço patriótico para salvar o país (e o mundo, quiçá) não seja inglório, reunam depois as vossas conclusões num livrinho de bolso, ou numa enciclopédia.
E para remate final, quem sabe, organizem um congresso nacional.
Vá, façam qualquer coisa de útil.
Quanto a nós, alienados,depois de voltarmos dessa hibernação futebolística haveremos de fazer horas extras para recuperar o avanço que nos levam.
Pode ser? Vá lá! Não é por mim, é por eles!
Pelos milhões que gostam de futebol.
É verdade:milhões (todos menos inteligentes que VExas claro)
E os senhores, quantos são?
Pouquinhos , não é?
Superiores? Ok, superiores. Mas reduzam-se agora um bocadinho à vossa insignificância "quantitativa".
Não gostam de futebol? Só se preocupam com a crise?
Tudo bem, mas deixem-nos gostar ... daquilo que gostamos.

É claro que como este post fala de futebol, a casta superior não há-de pôr-lhe os olhos em cima.
Mas, se por um acaso do destino, vier aqui parar um desses intelectuais superiores,com conhecimentos, por exemplo, na área da sociologia/psicologia de massas, deixo esta pergunta, digna de uma alienado ignorante, naturalmente:
- A demonstração de união/determinação à volta da equipa portuguesa não poderá até ter um efeito benéfico de provar, uma vez mais, que se somos capazes de nos unir por causa do futebol, somos também capazes de nos unir por outras causas. Para combater a malfadada crise por exemplo.
Pergunto eu, alienado, pobre de Cristo, intelectualmente inferior.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ganda cagada!

Anónimo disse...

Uma coisa é gostar do futebol e do desporto em geral; outra coisa é alinhar no folclore e na máquina de propaganda que foi montada para enganar as pessoas e extorqui-las de mais alguns euros.

Anónimo disse...

Periquito e Garganta Funda...dois intelectuais de casta superior :)

Paulo Pereira disse...

Há bastantes intelectuais portugueses, e não só, amantes de futebol. Estou-me a lembrar de Alegre, Lobo Antunes, Sousa Tavares, etc. Estrangeiros, também os há.
Não é o gostar de, ou escrever sobre, futebol, música, livros (light ou não) que determina a qualidade do intelecto. Ou a qualidade do post.
E o contrário também se aplica. Ou seja, não é por se detestar o futebol, a tourada, o folclore ou qualquer outra manifestação de cultura popular, que um simples cidadão melhora o intelecto.
Penso eu de que...