terça-feira, 2 de junho de 2009

Para acabar de vez com "as ilhas"

Post Scriptum ao post anterior.

(Para encerrar este capítulo "das ilhas" (pelo menos da minha parte)
Depois disto quem não quiser perceber o que disse, que seja muito feliz com as suas teorias.)

1.Nasci na ilha do Pico.

2.Conheço, muito bem todas as ilhas dos Açores, inclusive S.Miguel onde resido.

3.Gosto, e desgosto, de coisas e pessoas de todas as ilhas.

4.Há pessoas "boas" e "más" em todas as ilhas.
Melhores e piores.
Trabalhadores e malandros.
Competentes e incompetentes.
Espertos e tolos, etc, etc, etc

5.Nenhuma ilha detem uma "casta apurada" superior às outras.(Aliás parece já estar provado também que não há "sangue azul".)

6.Um corvino não é pior que um micaelense e vice-versa.
Pode um ter mais condições que o outro, por razões que nada têm a ver com a pessoa em si.

7.Há pessoas de S.Miguel que se referem às outras ilhas dos Açores como "as ilhas".

8.Percebo que algumas pessoas o fazem sem qualquer sentimento de superioridade (que não tem razão de ser aliás.S.Miguel é a ilha maior e o Corvo a mais pequena, mas nenhum micaelense e nenhum corvino têm qualquer mérito ou demérito na criação das ilhas, julgo eu).
Percebo até que,por vezes, dê jeito utilizar essa expressão.
Por exemplo, se se pergunta a alguém de onde é uma pessoa e se essa pessoa sabe que o fulano é dos Açores mas não sabe de que ilha, até se percebe que a resposta seja "É das ilhas".

9.No entanto se este diálogo ocorrer, por exemplo no Corvo, não é hábito dar uma resposta idêntica.Talvez respondam "Sei que é dos Açores, mas não sei de que ilha".

10.A verdade é que algumas pessoas usam a expressão depreciativamente,com a intenção de "gozar" com as pessoas das outras ilhas, rebaixando-as a uma condição de "atrasadinhos".

11.Nascido no Pico, não tenho nenhum sentimento de superioridade em relação a quem tenha nascido no Corvo, tal como não tenho nenhum sentimento de inferioridade em relação a quem quer que seja que tenha nascido em S.Miguel. Nem sequer em relação ao Presidente do Governo Regional.

Notas finais:

- O primeiro comentário ao meu post anterior é elucidativo de tudo o que disse.
Não faço ideia se o seu autor passou ou não da cepa torta. Por mim não estou nada desgostoso com a minha cepa.
Já vivi em muitas ilhas e já olhei para muitas ilhas.Com olhos de ver.
E trabalhei tanto numas ilhas como noutras.
Esse "argumento" é pequenino.
Inversamente proporcional à dimensão de S.Miguel.
Já assisti em S.Miguel a muitos eventos onde nem estava meia dúzia de jornalistas.
Como deve saber (embora o queira ignorar deliberadamente porque lhe dá jeito para a sua "tese") é que essa coisa da falta de adesão/participação nas mais diversas iniciativas é um mal geral.

- Menina da Rádio, essa das "ilhas de baixo" dava ainda para mais conversa. Acho piada à expressão, quando usada na brincadeira (eu próprio a utilizo frequentemente) , mas ouvi-la a sério não me dá qualquer vontade de rir.
Se virmos bem as "ilhas de baixo" são S.Miguel e Santa Maria. A não ser que se queiram referir ás ilhas que estão "por baixo". Mas aí voltamos ao mesmo. Para esses a minha resposta está dada atrás.

- Ao anónimo que me diz "Quer ver Santa Maria todos os dias?Passe pela Povoação, zonas altas".
Olhe que não é bem assim. Santa Maria não se avista todos os dias. Nem das zonas altas da Povoação. Passo com alguma frequência na Povoação e muitas vezes não se vê Santa Maria.
E quando a visibilidade é boa até se vê Santa Maria a partir da zona de Ponta Delgada.

-Maninha, olhe que nem sempre estamos perante "um mero deslize linguístico...igual a tantos outros".
Mas tem toda a razão quando diz que estou a dar muita importância a isso.
Portanto, ponto final.
Da minha parte,pelo menos.
A não ser que alguém queira rebater os meus argumentos com outros argumentos.
Para ofensas gratuitas não estou em casa.

Ah, e por ofensas gratuitas, de um comentário que nada tinha a ver com o tema "das ilhas"
(que eu vou apagar) a resposta vem já a seguir.

9 comentários:

A ilha dentro de mim disse...

O bairrismo é uma realidade do nosso País, que em nada é exclusiva das ilhas. Tem um lado bom (o vestir a camisola e defender o que é nosso) e um lado mau (o não ser capaz de ver para além do nosso horizonte). O difícil é conseguir tirar proveito do primeiro sem ultrapassar os limites e entrar sem volta no segundo. E nessa arte acho que as nossas gentes açorianas ainda têm muito para aprender...
Saudações do Tejo,
LB

Fiat Lux disse...

Saudações :)
Infelizmente o bairrismo "mau", por aquilo que percebi uma vez mais ao ver ontem um programa da RTP-Açores no Canadá,é também uma "tradição" que os emigrantes alimentam. É triste.

Tibério Dinis disse...

Opá, polémica por aqui. Não tenho passado por aqui nos últimos dias, tempo de exames:(

Não conheço o grupo ocidental e conheço mal as restantes ilhas. Para mim conhecer é perceber toda a envolvente local, história, geografia, costumes, tradições, gastronomia, música e pronuncia. Na verdade, acho que nem conheço a Terceira e sempre vivi lá, preciso ler mais sobre história e procurar os recantos.

Nos Açores ainda não temos a verdadeira consciência de região. O bairrismo é ainda muito forte. Só sinto consciência de região nas ilhas do triângulo, devido à proximidade em todas as áreas.

Haja Saúde

Anónimo disse...

O Fiat sempre que tenta trazer à baila a polémica - na cabeça dele -expressão "das ilhas", leva sempre no nariz. Esta expressão existirá sempre na boca dos micalenses tal e qual a expressão "está calor" quando na verdade está incorrecta à luz da física. Muitas outras expressões existem na boca do povo embora não estejam correctas. Vejam o caso dos aveirenses e a sua ria.

Anónimo disse...

A cultura micaelense centra-se, como se sabe, no vinho de cheiro e na pimenta.

Fiat Lux disse...

O(a) senhor(a) que diz que "levo no nariz" não apresentou nenhum argumento válido para se gabar da sua valentia.
Ninguém aqui está a falar de fisíca, nem de gramática.
Está-se a falar de uma expressão usada por vezes de forma errada (deliberadamente) para arvorar uma "superioridade" que não existe.
O que está a fazer é confundir alhos com bugalhos.
Assim é tempo perdido.
Pode continuar a desconversar à vontade.
Comigo não.

Carlos Faria disse...

Nunca julguei que o post anterior desse motivo de tanto comentário... sou faialense de sangue e coração, jorgense de laços familiares e memórias, picoense por amizade de vizinhança, micaelense por ter gostado de viver e exercido a primeira actividade profissional. sou açoriano e adoro isto, nunca digo "as ilhas" no faial porque no contexto naturalmente não me ocorre e digo "as ilhas" em conversas normais de grupo em são miguel sem nenhum receio ou predisposição. quando queremos levar a mal uma expressão há sempre um jeito... Isto de bairrismo qb é saudável e em excesso é mesmo muito doentio.

Fiat Lux disse...

E o bairrista sou eu ? :)

AC_BC disse...

Fico satisfeita por pôr um ponto final nestas desavenças. O seu blog é muito interessante e superior a qualquer injúria grosseira e parva que se faça aqui contra si ou contra outra pessoa.

Penso que é claro quando toma as suas posições e emite as suas opiniões. Quem não entende, ou é limitado no seu raciocínio, ou olha tanto para o seu umbigo que acaba por interpretar tudo em função das suas convicções.

Enfim... isto tudo para dizer que espero que este local volte a ser pacífico e que a sua qualidade não volte a ser manchada por estes discursos enfadonhos.
(Com o devido respeito, Fiat, mas já não há paciência para estas suas queixas...)

Um abraço.